Conheça um pouco mais desta talentosíssima autora brasileira nesta entrevista cedida gentilmente ao K Romances.
K Romances – O que despertou em você o interesse em se tornar uma escritora? Qual foi o seu primeiro trabalho como escritora? De onde veio a inspiração para a criação do livro o Último Baile do Império? Conte-nos como foi sua iniciação no mercado literário.
Aline - Me tornar uma escritora foi uma conseqüência de várias coisas que me provaram que escrever é uma vocação inescapável... Hum, em primeiro lugar o estímulo sem fôlego com que minha mãe incitava minha imaginação com histórias que ela criava, recontava do seu tempo de criança ou lia para mim, desde sempre. Depois, ver meu pai bater petições e as páginas de seu livro primeiro e único livro, acendia na menina o desejo de fazer igual. Ela percebeu que as história que imaginava podiam ser registradas, embora ainda não soubesse escrever. Sentava-me à mesa, fralda de pano no pescoço (minha gravatinha para compor a indumentária como a dele), óculos pequeninos de plástico rosa na ponta do nariz (como ele) e “datilografava” em meu pianinho de brinquedo tudo que minha imaginação dava conta.
Com sete anos, despretensiosamente enquanto minha mãe fazia enfeites de natal, eu escrevi uma história dividindo-a em várias folhas, ilustrei cada uma delas e implorava para que minha mãe unisse-as para que ficassem como “os da escola”. Surpreendida e coruja, ela fez uma capa para o dito com papel de presente verde e mandou eu mostrar para professora! Chamava-se A Princesa Pobre, lembro-me dessas coisas como fossem agora. A professora, que se chama Marli e espero que esteja muito bem em algum lugar de São José dos Campos, gostou tanto que nunca mais me devolveu... rsrsr Quando tinha nove anos encontrei perdido pela casa um volume de Cora Coralina, Poemas dos Becos de Goiás e Histórias Mais, dado ao meu pai pela própria doceira, quando ele vivia em Anápolis. Devorei-o depressa e até hoje sei de cor algumas daquelas poesias como Todas as Vidas, Antiguidades e Menor Abandonado. Nascia eu então como poeta e soube, nesse tempo, que escrever era tudo que eu queria fazer.
Ao longo do caminho tinha muitas dúvidas. Mas todas as sendas me levavam invariavelmente ao destino da literatura. Aos catorzes anos escrevi meu primeiro romance, uma história de amor adolescente que não terminei até hoje! Com essa idade também li meu primeiro “Erico Verissimo”. Olhai os lírios do Campo e me impressionou tão a fundo que passei a escrever contos curtos de amor... Rsrsr Aos dezessete iniciei a leitura de O Tempo e o Vento, depois de me encantar com um certo Capitão Rodrigo Cambará e sua Bibiana. Em todo esse tempo, escrevi muita poesia, artigos e até mesmo os trabalhos acadêmicos me davam prazer. Aos dezoito anos li meu primeiro Elizabeth Thornton, e me encantei por essa autora e seu modo passional de narrar. Quanto a romances... Se tentava um logo já não me agradava o rumo e acabava por destruí-lo. Aos vinte e dois anos, finalmente consegui ficar satisfeita e concluir meu primeiro romance. Aos vinte dois anos, entusiasmada pelas pesquisas que realizava sobre a arte e história da sociedade cafeeira do Vale do Paraíba para trabalho da faculdade esfumaçou-se em minha mente a idéia para O Último Baile do Império, o primeiro que consegui concluir e me deu, acima de todas as demais experiências literárias que tivera, a certeza de que não importava o que estivesse fazendo, seria escritora também. Não usei nenhum autor como referência, mas tenho certeza que meu “computador” da mente, de um modo não explícito, claro, pincelou ali vivências e leitura que me constituíram ao longo de toda a vida.
K Romances – Você se inspirou em alguém para criar os seus Personagens ou eles são fruto da sua imaginação mesmo?
Aline - Todos são frutos da minha imaginação. Mas não posso garantir que, se avaliado a fundo e psicologicamente, não se encontre ali pessoas que conheci. Até hoje, de certa forma, todos meus protagonistas homens possuem marcantes características do Matheus, meu marido. Quem o conhece pode confirmar...
K Romances - Qual das personagens você mais gosta e se identifica? Por que?
Aline - Do Augusto. Porque ele é a idealização da perfeição, na minha cabeça daquela época. Tudo que ele representa no livro, principalmente salvador acima de tudo da protagonista, me emociona porque, escrevendo agora essa resposta, chego a conclusão que, contrariando o que disse na questão acima, ele é inspirado, sim, em alguém.
K Romances – O que você acha do preconceito que muitos têm com relação aos escritores nacionais? Em sua opinião o que acarreta este tipo de postura de muitos leitores?
Aline - A questão é complexa e remonta de muitas e muitas décadas no passado. Para começo de conversa, só passamos a ter nossa literatura própria, falando em romances, em meados do século XIX, com a publicação de A Moreninha. Foram mais de três séculos de esterilidade... Desde estes primórdios só valorizava-se a cultura estrangeira.
Depois do intento fervoroso de muitos intelectuais e artistas, conseguimos, enfim, estabelecer a representação da nossa cultura.
Mas o incentivo a educação e leitura, até bem pouco tempo atrás era privilégio de poucos, se pensarmos em quinhentos anos de história. O que dizer então sobre o incentivo a escrita com senso de criação e reflexão? Sem falar no período obscuro — mas não estéril — que a cultura se viu submetida nos anos de ditadura e censura que o Brasil enfrentou, que acabou há duas décadas. O cinema estrangeiro e o brilhantismo que a mídia faz ostentar a cultura gringa, desde o tempo que se ia ao Cine ver jornal, também não contribui para deixar vir a tona os grandes talentos que temos perdidos em meio a centenas de originais sequer lidos. Os escritores não sabem mandar originais? A escola, infelizmente não ensinou. Não ensina também agora. Os jovens precisam passar no vestibular da federal!!! Falta patriotismo afetivo para com o país, porque aquele que se tem só em época de Copa do mundo pouco ou nada contribui, senão para os esportistas. E acho que esse é o principal... Faltam os escritores olharem para o que está a sua volta agora, para sua história e próprios mitos — não falo só de mitologia indígena, que aliás admiro muito — com um olhar apaixonado e encantado como o que olha para as obras de autores consagrados de seus países. Os impostos, as taxas, os custos freiam os talentos. Na Rússia eu poderia vender meu livro a oito reais.. O que dizer do preço da literatura por aqui? Como eu disse, a questão é complicadíssima e vou parar por aqui, porque percebo que me excedi!
K Romances – Você tem algum projeto em vista? Qual? Fale um pouco sobre ele.
Aline - Tenho. Outro romance histórico. Um livro que narra não somente o amor de um casal, mas o estereótipo de uma época apaixonada por ideais e guerras, cultura e mutações políticas e comportamentais de uma sociedade fechada e preconceituosa. O livro não fala de um único casal, embora haja um principal. O enredo entrelaça misteriosamente laços de sangue, relações de posição e afeto nos vários casais e outras vidas que estão no teatro de operações de um tempo sedento por liberdade e identidade própria. Apesar dos cento e tantos anos decorridos desde então, creio que o país passa e patina na mesma situação. Um projeto que, espero, eu possa ter superado tudo que, creio, deixei lacunas no primeiro. Fora esse, estou escrevendo uma saga contemporânea que conta o rumo das vidas de todos os membros de uma família Paranaense e, até mesmo, pessoas que de alguma forma, se ligam a essa família singular que, ao que parece, encantou a maioria dos meus leitores.
K Romances - Atualmente muitos blogs estão divulgando obras nacionais através de resenhas, campanhas, entrevistas e sorteios. O que você acha desta iniciativa? Você costuma visitar este tipo de blog? Tem algum preferido?
Aline - A iniciativa é maravilhosa. Assim, está se criando como que um movimento de cultura e entretenimento na internet que incentiva as pessoas a lerem, os interessados a conhecerem de perto o trabalho dos escritores. Além de divulgar o trabalho dos novos autores, deixa o leitor informado e empolgado com a expectativa da próxima história sugerida. Meu blog preferido é principalmente aquele que promove autores nacionais, por que o Brasil é cheio de beleza, poesia, paixão... Não é apenas Rio de Janeiro e São Paulo, como infelizmente a teledramaturgia deixa transparecer, de um modo geral. O Brasil é uma infinidade de vidas e modos de viver essas vidas.
K Romances - Temos hoje, no Brasil, grandes talentos literários que não têm oportunidade ou condições de publicar suas obras. Que conselho você dá a estas pessoas que estão em busca de espaço no mercado literário?
Aline - Que mande seus originais para as editoras. Foi rejeitado? Enfie a cara e tente de todas as formas, sob demanda, gráficas, corra atrás, dê pulos, incomode parentes, profissionais do terceiro setor, do ensino público superior, participe de propostas culturais governamentais ou de ONGs. E se lembre que a internet, se usada para o bem, é fonte inesgotável de inspiração, oportunidades e acasos que unem pessoas com interesses em comum que podem culminar em lindas amizades.
K Romances – Para encerrar nossa entrevista, vamos fazer um ping-pong para conhecê-la melhor, tudo bem?
Estilo... Caseira
Um Lugar... O Sul
Amor... Matheus
Sorte... Não conte com ela.
Sonho... Sempre a estabilidade emocional.
Inspiração... Todos os modos que as pessoas vivem.
Um Filme... Diário de Uma Paixão e O Pianista (perdão, não dava para escolher um só)
Uma Música... Noturno, Chopin
Ídolo... Meu Criador
Algo ruim... Ansiedade
Saudade... Eternamente de minha mãe.
Uma Palavra... Amor fraternal
Uma Frase... Quando te fecham uma porta o Senhor vê, tenha fé e uma janela enorme de folhas duplas se abrirá diante de você.
Muito Obrigada Aline por ter gentilmente nos cedido esta entrevista. Parabéns pelo seu trabalho.
6 comentario:
Adorei a entrevista, conhecer um pouco mais da autora. Isso apenas me deixou mias curiosa pra ler o livro, kkk! Muito bom Ka, beijos!
Parabenizo a Karina pela entrevista. A Aline é uma romancista que merece um lugar nas estantes de nossas livrarias, tão sensível e apaixonada é sua escrita. Abraços, Bruna!
Karina,parabéns pela entrevista!!! Ainda nção conhecço o livro da Aline,mas logo estará na minha estante verde-amarelo!!! parabéns e muito sucesso Aline!!!
Karina, parabéns pela entrevista ^^
A Aline tifofa XDD mara entrevista!
Já conheço alguns dos livros da Aline in-off, e são maravilhosos *---*
ainda não li Ultimo Baile, mas espero ler logo xD
Muito boa a entrevista da minha xará!
“Estou participando da Promoção eclipse”.
Aline Martins Alonso
Nossa, começou super cedinho. E ainda ilustrando..rs
Muito sucesso pra ela.
Estou participando da Promoção Fazendo Meu Filme 1
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